A pólvora

Parece-me que a solução para a crise da imprensa se calhar é mesmo fazer jornalismo.

Esta semana Sábado e Visão devem esgotar.

Perguntinha parva 2

Quando andamos de marcha-a-trás o conta-quilometros funciona?

450 ml mais leve

Há qualquer coisa de profundamente romântico em dar sangue. E depois há aqueles bolinhos da nossa infância com recheio manhoso (aqueles quadradinhos que vêm dentro de um plástico e dantes até traziam cromos) que só se comem nestas alturas, com a consciência completamente leve :)

«O treinador da Académica acabara de sair, por volta das sete e meia, quando a família foi surpreendida pelos assaltantes - uma dupla que falava com sotaque brasileiro - que forçou a entrada apontando uma arma à cabeça da empregada.» em O Jogo.

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"CML desistiu de megabiblioteca mas esqueceu-se de o anunciar" (in Público)

Quem diz que a realidade não tem mais piada que a ficção?

Perguntinha parva

Se as pessoas não podem falar no messenger, porque é que estão online?
Aguarda-se sugestões a esta pequena dúvida. A mais criativa ganha meio amendoim.

Intervalo

Tenho a Sic Notícias ligada à minha frente desde as 14h (em virtude do meu enquadramento no local de trabalho). Há 5 minutos ouvi falar pela primeira vez deste rectângulo à beira mar plantado, rosto (sempre) fitante já dizia Pessoa. Parece que por cá há estradas cortadas.

Pára tudo

O salvador Obama vai falar.

Mundial Ibérico


À partida o Mundial em Portugal e Espanha parece-me uma boa solução para capitalizar os estádios construidos para o europeu. À partida, sublinho. Isto porque segundo normas da FIFA os estádios para o Mundial nunca poderão ter menos de 40 mil espectadores. Ou seja, só os estádios do Benfica, Sporting e Porto cumprem esse requisito. A este facto acrescente-se que para a abertura e encerramento do Mundial a FIFA exige um estádio que tenha pelo menos 80 000 lugares. Quantos temos em Portugal? Nenhum.

Portanto, ou começamos a construir estádios (e o argumento de capitalização dos antigos estádios deixa de fazer sentido), ou entramos neste Mundial apenas com 3, não podendo receber os jogos mais importantes.

Parece-me claramente que este "negócio" é mais favorável para os espanhóis do que para nós (não o são sempre?). É verdade que será uma co-organização em tempo e meios, mas no fim será um Mundial Espanhol que foi a Portugal alugar 3 míseros estádios. Ou então não, e voltamos a construir estádios à doida. Um por capital de distrito. Que dizem?

Listen 2 Me 2

Frases bem forjadas são janelas escancaradas para realidades de perto e de longe. Pudorosamente - como dizia ontem à noite a Lídia Jorge na TSF - só assumimos que nos reconhecemos no escuro do teatro. A peça chama-se Listen 2 Me 2 e está até Domingo na Teatrosfera, ali nas traseiras do McDonald's do Monte Abraão. A viagem ao mundo dos outros onde esperamos nunca ter pertencer custa 5 euros e acontece pelas 21h30 (Domingo também às 16h30).
Grupo Pequeno Palco de Lisboa, encenação Rui Luís Brás; original de Durval Lucena (crê-se).
Trágico-comédia para maiores de 18 anos, como a vida.

Eu - Olha diz a mãe para não fazer fritos para o jantar.
S. - Porque?
Eu - Porque estou de dieta
S. - Oh mano tu não estás gordo. Os outros rapazes é que são anoreticos

Chiuu

Deixemos dormir a ordem do mundo.

Última tentativa

Muito bonito, mas afastado do ponto que julgo fulcral. Não se pode apresentar argumentos sobre um ponto que concordamos, descurando o cerne da questão.

Volto a repetir: toda esta questão não é um problema de conteúdo, mas sim de forma. Penso que ninguém discorda que agressões físicas, psicológicas, mutilação genital, perda da liberdade individual, entre outras barbáries, são absolutamente condenáveis. Nem sequer é uma discussão religiosa, é uma questão de direitos humanos.

Agora este ponto, que é a justificação que muitos encontram para as frases do Cardeal e que estão explícitas no teu texto, não justifica a forma como o Cardeal se expressou. Acho que isto é simples e óbvio. Frases como "monte de sarilhos que nem Alá sabe onde vão parar" poderão, e são, considerados como ofensivos. A figura proeminente da igreja Católica em Portugal não pode cair neste tipo de piadolas de mau gosto por muito boa e honesta que seja a mensagem que quer passar. E todos sabemos que a melhor mensagem se pode perder na forma como a veiculamos.
Este é um caso flagrante disso mesmo.

E pondo o dedo na ferida: se fosse o Alberto João Jardim a dizer uma coisa dessas, estaríamos a ter este debate? Não me parece. Porque aí já se defendia como certeza que este tipo de expressões eram inadmissíveis. Nesse sentido, parece-me claramente que a imprensa é mais justa (explorando "os deslizes" de cada personalidade, como João Jardim, Manuela Ferreira Leite ou José Sócrates) do que algumas pessoas que coadunam os argumentos mediante os envolvidos.

Mas qual cabala?

O mal de que falava ontem não é cabala mas uma dificuldade em separar dois campos que, descansem os que se atiçam a estes temas, naturalmente por proximidade, a mim enquanto católica me custa a engolir. O Cardeal Patriarca alertou jovens a quem interesse a vivência religiosa para a falta de garantias palpáveis que ainda existe no pós-diálogo ecuménico.
Não foi certamente a primeira vez que o fez em público nem foi certamente a primeira vez que aconselhou casais mistos, em público e privado, para o casamento - porque estas coisas acontecem há largos anos em Portugal fora das notícias. Alertou contudo para realidades fora do país para as quais, segundo situações que conhece, ainda são conduzidas "cônjuges" não informadas.
Claro que podia ter ligado a Abdool Magid Vakil e por telefone, longe dos gravadores dos jornalistas, ter dito "atenção que sei de portuguesas a viver casos dramáticos de violação da liberdade individual perpetuados pelo Islão". Ou então podia ter esperado por uma homília na Sé.
Não o fez por ingenuidade mas porque, felizmente, somos livres de recusar o políticamente correcto - aqui monstrificado por medo talvez de umas bombas. O mesmo politicamente correcto assinado por baixo por uma Amnistia Internacional que, com estes estatutos - "Promover investigação e acção destinadas à prevenção e combate dos graves abusos à integridade física e mental, à liberdade de consciência e de expressão, sobre o direito à não discriminação" - encontra como pólo de defesa neste caso apenas o último ponto.
Com efeito, se a única coisa que se tiver sabido retirar (e ajudar a retirar) daquela frase tiver sido um apelo à discriminação social podemos todos regozijar-nos com o estado vendado do nosso país.
Adenda sobre o alcance da matéria: Os media internacionais traduziram o que se escreveu por cá. Valem o mesmo que os blogues e outras vozes on-line que ainda não se percebeu muito bem como é que devem entrar nas estatísticas.

A cabala

«A Amnistia Internacional (AI) considerou hoje «discriminatórias e separativas» as declarações do cardeal-patriarca de Lisboa sobre o casamento entre católicas e muçulmanos, sustentando que fomentam a «intolerância» e atentam contra o «espírito de fraternidade e paz».

É engraçado como o "polvo" que se instalou para criar anticorpos contra a Igreja Católica chegou também a Amnistia Internacional não é?

Incrível o poder destes jornalistas portugueses que retalharam vergonhosamente o discurso do senhor Cardeal. É que até conseguiram ir sacar uma declaração à Amnistia Internacional, esse órgão que, como a gente sabe, é tão parcial, injusto e deslocado da realidade. Ou se calhar não, se calhar foi também umas frases retalhadas e a Amnistia até brindou ao discurso do Cardeal.

Por último: parece-me claro que o problema que se trata aqui é de forma e não de conteúdo. Os "montes de sarilhos" são reais, obvio. Agora um Cardeal de Lisboa não pode, por ser um líder de opinião, por as coisas nos termos ofensivos que os pôs. Se foi intencional? Se calhar não. Mas duvido que os jornalistas presentes no Casino da Figueira Foz (essa salinha de estar tão pequenina em que só cabem meia dúzia de fiéis) tenham ido infiltrados e disfarçados à espera de um deslize do Cardeal.

Afirmações como aquela não se fazem. E um Cardeal, perdoe-me se calhar a ingenuidade, devia ter a inteligência para o saber.

E sim, viva a liberdade! Mas com a liberdade vem também a devida responsabilidade. É disso que se trata aqui. Mas compreendo que seja bem mais fácil considerar tudo isto uma cabala contra a Igreja Católica.

Perante o divertido que é achar que quem não fala politicamente correcto está bêbado...
permitam-me:
O Cardeal Patriarca teria sido certamente mais cuidadoso se, ignorando as tecnológicas plataformas mediáticas do nosso tempo, calculasse que o seu discurso iria ser vergonhosamente retalhado - como qualquer leigo na matéria faria por lazer - em audios como os da TSF e Público.
Talvez alinhasse no politicamente correcto se, sendo previdente, imaginasse que palavras ditas a jovens portuguesas não fossem ser lidas à luz de "conselhos na fé" mas de "conselhos em sociedade", transformando-se a salva-guarda da liberdade individual religiosa num ataque xenófobo e apelo à separação das águas.
Talvez se exigisse dele o politicamente correcto se esse fosse o nosso saudável modus operandi em sociedade. O que não é, e quando é não é saudável.
O que aconteceu nas últimas horas nos media nacionais e internacionais - Valha-me Deus! (perdão, que invoco o nome de Deus em vão e hoje tudo se resume à habilidade em colocar ou não as palavras, mesmo que nos caia o mundo em cima) foi pura deseducação para a leitura das diferenças em sociedade, para o papel da igreja e para a vivência inter-cultural, que é disso que se trata.
O monte de sarilhos a que se referiu o Cardeal Patriarca existe. Chamar-lhe agressão física, mutilação genital, adultério não consentido, falta de liberdade e estatuto inferior teria sido se calhar mais visualizável.
A Igreja Católica contempla o casamento misto, perante o qual a parte não católica tem de conhecer o sentido do matrimónio e declarar que tomou conhecimento dele. No Islão não há casamentos mistos, o que implica a sujeição da mulher ao homem se for esse o caso. O que se não é um sarilho é pelo menos chato.
Na nossa sociedade os diferentes credos são propostas concretas de vida, mas propostas, logo a sociedade não vive obrigada a eles nem tão pouco tem o direito de os manipular segundo a sua vontade laica colectiva.
Em última instância qualquer pessoa casa, vive ou dorme com quem quiser. A conversa era dirigida àqueles a quem o casamento enquanto matrimónio da Igreja Católica é base ou projecto de vida.
Posto isto, a mulher pode querer sujeitar-se ao homem. Na nossa sociedade até disso se é livre. Importa é não branquear o que existe com pretensos entendimentos culturais que mais não fazem que pactuar com violações dos direitos básicos humanos. Como se quis estabelecê-los. Levar o diálogo e compreensão ao limite, nesta e noutras matérias, seria voltar ao início das cavernas ou a qualquer outro momento cavernoso que se tenha vivido a seguir.
Claro que isto tudo para uns é moralismo a mais para o colectivo de células, para outros não precisava de ser dito e para outros ainda podia dizer-se de mil outras formas. Mais ou menos políticas, mais ou menos correctas. Muitas voltas darão nos túmulos o que nos vêem hoje aterrorizados com a liberdade.
Espero que as palavras nos saiam todas bem no paraíso.

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O Cardeal Patriarca de Lisboa presenteou-nos hoje com uma das maiores pérolas que há memória. Eis os avisos às meninas:

«Cautela com os amores. Pensem duas vezes em casar com um muçulmano, pensem muito seriamente, é meter-se num monte de sarilhos que nem Alá sabe onde é que acabam»

É impressão minha ou isto é um bocadinho xenófobo? Ou se calhar é só mesmo estúpido.

De qualquer forma, aqui vai também um conselhozito ao senhor cardeal: sabemos que é fã do seu whiskyzito, mas se calhar é melhor não sair de casa depois do quarto copo… Digo eu…

Hoje apetece-me escrever. Sobre que, não sei. Ou melhor apetece-me escrever sobre nada. Apenas escrever. Sem grande sentido, sem grande profundidade. Tenho que comprar manteiga. Ah! E café porque se acabou na noite dos Globos. Será que apaguei a luz do quarto hoje de manhã? Não me lembro. E se o carro agora a noite não pega? Será que o reboque chega aqui? Hoje começo a minha dieta. É pena ter comido pizza ao almoço. Mas a partir das 20h00 é que conta.

São 18h24 e ainda falta a aprovação de um documento para enviar.

- Já escreveste mais do que eu hoje?
- Não.
- Como sabes?
- Não sei.

Isto não está a correr muito bem. Ao menos escrevi.

Bons idiotas

Trabalho num "open-space". Uma das coisas que mais me fascina é a forma como as pessoas andam sempre a fervilhar com novas ideias. E as tentam vender aos outros. E os outros demoram a comprá-las. E passado um bocado vão vendê-las a outros.

«Capucho, vai trabalhar!»
«Estou a trabalhar ;)»
«Não me enganes...»


Constato aqui que são os mesmos que "vigilam" pelos professores que defendem os mártires palestinianos. Como é que se diz? Shocker? :P
Para que conste, sou contra a Guerra.

Dois amigos

Este é o Mercedes-Benz SL600 Luxury Crystal Benz, com 300 mil cristais swarovski, feito sob encomenda.



Este é o Lamolee, um jovem de uma tribo do Quénia, os Pokot, a quem previram a morte na leitura dos intestinos de um dromedário. Não morreu porque a National Geographic lá estava a filmar. Vejam se puderem (não sei como): Tribal Odyssey: Pokot – The Sacred Path to Warrior Hood, de 2007.


Cá em casa há uma teoria para o arranjo da espécie: a fertilidade de África fez com que não fosse vital evoluir para o nível da construção de mercedes - com algum erro (a minha prima diz que no norte dos nortes de Moçambique há muito pouco, mas cada palhota tem pelo menos um telemóvel).

Só a título de curiosidade, quando um Pokot fica doente fazem-lhe o círculo de Kirkett que consiste em passar a maleita para um bode, através de cânticos e danças, e enviar o bicho para o Ocidente, onde o sol se põe. Onde se fazem os swarovskis.

Leituras dos tempos

Mas só ontem é que a velha hierarquia veio abaixo. Lia-se na página 30 do PÚBLICO: o SG Filtro vai passar a ser mais caro do que o Marlboro. Sim, o baixote e ordinareco SG Filtro de Xabregas, que eu comprava quando não tinha dinheiro para o Marlboro comprido e show off da Virgínia, dos filmes e da Fórmula 1, vai ser o cigarro de quem quer fazer-se passar por cosmopolita e milionário.

Já estou a ver os anúncios, caso os permitissem: "Sim, sou um oligarca russo - fumo SG Filtro à fartazana!". Ou: "Não é por estar desempregado que dispenso o cigarrinho: vai sempre um Márlubóro enquanto estou na bicha para a sopa; ai nanas!".


Miguel Esteves Cardoso, in Público


Compra-se bilhetes manhosos no site da Iberia - exige pagamento antecipado mas tem 99% de garantias de reaver tudo o que investiu.

Dirige-se ao aeroporto no dia da sua viagem com muita paciência e capacidade argumentativa.

Aguarda 7 horas até o voo da Iberia ser cancelado e lhe darem como alternativa um voo sem escala na TAP em regime clássico (com direito a refeição, água, jornais e afins).

Aceita, consternado com a maçada de ir chegar 30 minutos atrasado ao seu destino final com tamanhas mordomias, sem ter de passar horas a olhar para o ar em Barajas.

Passa as suas férias/dias de trabalho/estadia no destino exótico a pensar: que rica indemnização vou receber quando fizer reclamação do tempo de espera.

Dia de regresso, dirige-se ao aeroporto com a mesma disposição da partida.

Espera 3 horas até o voo da Iberia ser novamente cancelado.

Tira uma fotografia ou outra jocosa frente aos ridículos sinais da incompetência aérea espanhola.

É-lhe atribuído novo voo directo pela TAP em regime clássico (com aquelas coisas todas incluídas) e chega a casa escassos minutos depois do previsto. Inteiro, porque os voos da Iberia além de tudo ainda tremem um pouco mais que os outros.

No final junta toda a documentação e escreve uma carta pomposa à dita Iberia - ou vai ao aeroporto mais próximo onde consiga encontrar alguém da malfadada companhia, em tempo útil pois deverá falir prevejo... nas próximas horas - a pedir a sua merecida indemnização.

Segundo as centenas de cartazes no aeroporto de Lisboa - direitos do viajante - pode ir entre os 150 e os 800 euros.

Depois é só esperar. Se não ficar para si, fica para os seus filhos.

Eles bem dizem...

que os fumadores morrem mais cedo. Mas é de pneumonia.


 

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