Recomeça

Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.

Miguel Torga

Consoladora poesia, hoje lembrei muitas vezes estas tuas palavras.


Penso que é normal e universal que cada pessoa tenha aquele "lugar" especial. Aquele sítio onde vai quando precisa descansar, tomar decisões, ou simplesmente desfrutar do prazer volátil de não ter que pensar nem fazer nada. Todos o temos. E se o Douro até agora era "o" sítio especial, aos poucos e poucos um outro "lugar" vem ocupando maior destaque. Não que tenha lá ido muitas vezes, na verdade foram 3, mas é sempre um local de renovação, quer física quer mental.

Mas se os lugares valem muitas vezes por si mesmos, há outros que valem pelos momentos que partilhamos com os outros. Seja no Zimbório, à volta da mesa a jogar à sueca, a tirar 456 fotografias para termos uma perfeita, seja a comer um bolo que tentamos mostrar que adoramos para não dar parte de fracos. É especial. E é-o por ser autêntico, por não termos quaisquer condicionantes de revelar o quão disparatados podemos dizer ou ser. E, sobretudo, por haver uma certa comunhão natural e intrínseca. Ali “somos” e “existimos”. Todos diferentes, obviamente, mas aceitando e divertindo-nos com as pequenas diferenças que constituem o mundo daquelas pessoas.

Há coisas que não consigamos explicar. Esta é uma delas. Apenas sei que se gosto muito do "lugar", gosto muito mais deles. Intrinsecamente.

Conselho de amigo

Um dia, se perderem o vosso cartão de crédito e não saibam da vossa caderneta, nunca, mas nunca peçam uma segunda via desta última (que aliás é dada na hora).

Porquê?

Passo a então a explicar: fui hoje ao balcão meu banco para levantar dinheiro já que, como referi no post anterior, tinha perdido o cartão de crédito. Um senhor, muito simpático aliás, informou-me que teria que me cobrar uma taxa pelo levantamento e que o melhor seria pedir uma nova caderneta que ele dava-me na hora.

Porreiro, pensei. Assim já posso fazer mais levantamentos. Assinei a papelada toda, paguei (neste país tudo se paga) e lá fui eu alegre e contente com caderneta na mão para levantar dinheirito. Após o devido levantamento apareceu uma mensagem a dizer "a actualizar a sua caderneta"...

Passam alguns segundos, 1 minuto, 5 minutos e nada... Fui ter com o senhor pois pensava ter havido um problema qualquer com a caderneta. Ao que o senhor, com um grande sorriso, dado que era simpático, me informou que, por lapso, se esqueceu de mencionar que agora a caderneta ia actualizar todos os dados... desde que tenho a conta! Portanto, actualizar todos os dados desde há 4 anos para cá!!

Vou vos poupar a mais detalhes mas a conclusão foi: 1h e 15h à espera de actualizações, uma fila gigante com uma senhora a gritar intempéries conta a minha pessoa e 8 (!) cadernetas devidamente actualizadas.
Pergunta que se segue: mas esta semana não acaba?

  • O carro não querer pagar - chegar uma hora atrasado ao trabalho
  • Na hora de almoço perceber que se perdeu o cartão de crédito
  • Ir à hora do almoço fazer a escritura do carro e não a fazer porque falta um papel
  • Pegar no carro para ir trabalhar e o carro ter novamente desistido de viver
  • Na tentativa de o por a funcionar levar um banho de gasóleo da cabeça aos pés
  • Deixar o carro num estacionamento pago, e ter que voltar para o trabalho com um cheiro nauseabundo
  • Chegar 1h30 atrasado da hora do almoço
  • Próxima hora: vomitar como consequência do gasóleo bebido.

Parece-vos bem? E ainda são 4 da tarde.

Já viram?

Está tanto sol.

Muito bom


Obama teme o pior - conselheiros nunca ouviram falar de Taurus de Nemedia.




Atenção

O nosso tempo

(vejam em alta-resolução)

"Cavaco Silva vetou fim do voto por correspondência dos emigrantes ... A alteração à Lei Eleitoral para a Assembleia da República tinha sido aprovada no Parlamento a 19 de Dezembro, com os votos favoráveis da maioria socialista, PCP, BE e PEV". (Público)

Santa Oposição

"O Tribunal europeu dos direitos do homem condenou hoje Portugal por ter proibido, em 2004, a entrada nas suas águas territoriais de um barco fretado por organizações favoráveis à despenalização do aborto". (Público)

LOL

Luis Nobre Guedes, ex-CDS, veio a público, numa entrevista ao Rádio Clube Português e ao Correio da Manhã, dizer que o caso Freeport "é uma campanha cobarde contra Sócrates". Ora aqui está uma tomada de posição curiosa ...

Curiosa se tivermos em conta que o caso do Freeport aconteceu quando Sócrates era Ministro do Ambiente e que a pessoa que lhe seguiu como Ministro do Ambiente e do Ordenamento do Território foi... Luis Nobre Guedes.

Ministro que, recordemos também, foi consitituido arguido e teve uma busca no seu escritório em directo devido ao caso Portucale, que foi despachado quando o Governo de PSD/CDS já estava sob gestão, e que envolveu milhares de euros e uma aprovação (de um empreedimento de luxo) muito estranha...

Esperem lá... mas não foi nas mesmas condições que o Freeport foi aprovado? Ah...

Piadas locais

- Então mas houve feridos ontem à noite no incêndio no Lido?
- Houve, o tipo a quem pagaram para atear o fogo queimou-se ligeiramente nos dedos.
Imagino o prejuízo que vai ser hoje para o restaurante sempre cheio e para as demais visitas daquele ninho de ratos outrora vanguarda cultural amadorense. Claro que comprar, reabilitar e restruturar eram verbos um bocado mais cansativos que queimar. Um reparo: Já há alguns dias que a chuva não nos deixava passear, estender roupa e atear coisas à vontade como se propiciou ontem à noite. Hoje, pelo temporal que aí anda, seria bem mais complicado.

Phil Noble/Reuteurs
Ingleses manifestam-se contra a contratação de estrangeiros nas centrais nucleares do Reino Unido. Diziam as notícias ao final do dia que a razão do descontentamento entre o povo civilizado do Primeiro Mundo eram sobretudo os portugueses e italianos que por lá andam. Cada vez mais acho que por detrás de todas as leis do universo está, sempre rejubilante, a ironia.


 

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