Ameaças / Oportunidades

Numa abordagem sistémica, um determinado corpo ou organismo, de forma a encontrar o caminho para o sucesso, deverá fazer uma análise correcta de si e da sua envolvente, identificando as ameaças e oportunidades que daí poderão advir. É desta análise, que, obviamente, não é tão simplista e linear como aqui se apresenta, que surge o seu potencial e cimenta a sua sustentabilidade e, mais tarde, credibilidade. No entanto, quando se avalia estas questões e se traça um determinado caminho é imperativo, julgo eu, que não se mude o discurso e, sobretudo, as bases com quais determinadas decisões se tomam.

Ora, o anúncio de ontem da redução do défice e consequentemente da redução do IVA é tudo menos coerente e, para os mais atentos, põe em causa a credibilidade do governo na pessoa de José Sócrates. Um primeiro-ministro que há duas semanas afirma que não vai reduzir os impostos a bem da saúde das nossas finanças não pode, sobre o risco de criar sérias dissonâncias, aparecer depois numa conferência de imprensa a anunciar que o défice é baixo e que consequentemente vai baixar o IVA... A pergunta que se coloca é: a nossa economia mudou assim tanto em duas semanas? Ou estamos perante um cenário de aproveitamento político e cultivo de popularidade de um governo que já passou por melhores dias?

Obviamente, percebe-se o objectivo de aumentar o consumo e a confiança dos portugueses, mas em causa está o que foi referido em cima, o delinear de uma estratégia (que aqui se baseia no esforço dos portugueses a prol da recuperação da nossa economia) que depois se abandona para ganhar mais uns votos nas eleições que vão acontecer daqui a mais de um ano! Porém, tenho algumas dúvidas se isto vai desacreditar o governo, ou se as pessoas irão ficar iludidas com esta descida do IVA… Se o segundo acontecer trata-se de mais uma jogada brilhante de Sócrates

Por falar em descrédito, e também seguindo uma perspectiva sistemática alancada na máxima de ameaças/oportunidades, o desafio de ontem da Selecção Portuguesa (sim, de futebol!) contra a Grécia era, a 2 meses de um Europeu, de um risco enorme. E passo a explicar porquê. Todos conhecem a nossa recente história com os gregos. Ora, defrontá-los a dois meses da prova onde estes nos passaram a perna por duas vezes seria óptimo se tivéssemos vencido e assim vingada a honra nacional (seja lá isto o que for) e embalarmos como um dos favoritos para a conquista do título. Pois bem, perdemos e jogamos mal à brava. Assumiram-se riscos, o resultado foi o que se viu. E o que é que origina? Um descrédito na selecção e na confiança que os portugueses, pelo menos eu, colocam nela. Está em causa a "euforia" que normalmente se instala à volta da selecção e a resignação com o facto de não sermos dos melhores da Europa. A culpa está quem marcou este jogo e em quem o afirmou que era para vencer… Vir depois dizer que é o resultado normal é tudo menos coerente…

Poderei estar a exagerar é certo, mas quando três dias antes há uma manchete num jornal com o Cristiano Ronaldo a dizer que podemos ser campeões europeus e depois voltamos a perder, pela terceira vez consecutiva, com os gregos algo não está bem...


p.s -mas pronto venham de lá esses jogos, os caracóis e a sangria :)

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