A estratégia do estatuto


A comunicação ao país do Presidente da República causou e está a causar bastante burburinho na classe política. Se o Presidente da República interrompe as suas férias para se dirigir ao país deve ser por uma questão importante, pensámos todos. Aparentemente a montanha pariu um rato chamado estatuto Político-administrativo dos Açores. O cerne deste estatuto, que fora rejeitado pelo Tribunal Constitucional, é que com a sua entrada em vigor Cavaco Silva, para dissolver a Assembleia açoriana, terá primeiro que ouvir o presidente desse órgão e da região autónoma e só depois passar à dissolução. Com o actual panorama, o PR precisa apenas de consultar o Conselho de Estado e os partidos políticos. Tem isto força suficiente para motivar tamanho alarido mediático? Não creio. Mais do que alertar para uma questão relativamente importante (o PR terá apenas que consultar os dois presidentes tendo em vista a sua opinião. Não me parece muito descabido), Cavaco Silva quis passar alguns recados:

1 –PR demonstra aos portugueses que se preocupa com o país e que mesmo estando de férias está presente. É uma oportunidade para uma maior destaque mediático quando, como sabemos, o parlamento está para férias.

2 – Revela um PR preocupado (excessivamente?) com os seus poderes consagrados na Constituição

3 – Coloca todos os partidos políticos em sentido (o estatuto foi unanimemente aprovado)

4 – Desmarca-se publicamente, e pela primeira vez, do Governo de Sócrates (curiosamente quando saiu uma sondagem que revela a percentagem de voto mais baixa desde que começou a governar)

Agora pergunto eu: a situação com a greve dos camionistas não era bem mais passível de uma comunicação ao país para serenar os ânimos? Pois, mas era uma questão politicamente complicada…

Ps – Quem foi o primeiro presidente de partido a responder a Cavaco, quem foi? Manuela Ferreira Leite. Curioso…

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