Também te amo

Tenho um telemóvel novo há pouco mais de 24 horas. Estava agora numa navegação tardia pelo moderníssimo menu do aparelho, fascinada com as toneladas de aplicações - que quase exigem ir apontando atalhos e localizações num papelinho, como a minha avó fez quando teve direito a um telemóvel novo, depois do impacto tecnológico-geracional do primeiro - quando dei com a secção das mensagens modelo. E então, encostado ao "Estou em Reunião", "Ligo-lhe às...", "De momento não posso atender" estava um solene "Também te amo".

Imagine-se escrever uma mensagem carinhosa e sentida e receber de volta este "Também te amo" escrito por algum programador da Nokia, enviado via um qualquer atalho, sem que os olhos cheguem a roçar o visor do telémovel.

Não sei se é da luz da hora mas a tecnologia tem coisas um bocadinho tristes. Ou aquilo que as pessoas fazem da tecnologia. Ou aquilo que deixam de fazer por causa dela.

De qualquer forma, acho que demoro menos tempo a escrever "também te amo" do que a dar outra vez com a secção das mensagens modelo. O que não deixa de ser outra maneira de estar tecnologicamente contaminada.

Mas é um bonito telemóvel.

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